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BTT - De bicicleta na via algarvia

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Mensagem  RoadCtx Ter Dez 13, 2011 9:25 am

Por caminhos nunca antes pedalados. A via algarvia é a mais recente proposta para os amantes do BTT. No total, cerca de 300 km que atravessam o Algarve interior entre Alcoutim e Cabo de São Vicente.

A Via Algarviana é como um gráfico do nosso batimento cardíaco, ou seja, preenchida de subidas e descidas. À excepção da última etapa, entre Vila do Bispo e Cabo de São Vicente, o caminhante pode contar sempre, mas sempre com subidas e descidas, algumas mais complicadas, outras mais simples; umas mais longas, outros mais curtas; algumas que dão prazer, outras que são para esquecer. Em conclusão, é necessário estar em boa condição física para retirar real prazer da travessia, uma travessia que mostra um Algarve desconhecido para a grande maioria das pessoas, um Algarve que começa junto ao Rio Guadiana, passa pela Serra do Caldeirão e de Monchique para terminar junto do Oceano Atlântico, num cenário que nos remete para a nossa diminuta condição humana. No total percorremos 300 quilómetros em cinco dias, mas acreditamos que o ideal será fazer este trajecto em seis dias, já que há muito para ver e, principalmente, apreender (é impressionante a diversidade da paisagem ao longo da via). Infelizmente não foi o que fizemos, mas deu para perceber a enorme potencialidade desta nova ecovia no nosso país, um projecto criado em conjunto pela Almargem, Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, e por um grupo de caminheiros ingleses sediado no Algarve, o Algarve Walkers.

1º dia: Alcoutim a Furnazinhas (38.5km)

Dia de expectativas, não fosse ele o primeiro. No Posto de Turismo de Alcoutim não souberam dizer-nos onde começava a Via Algarviana, uma prova de que a via ainda não faz parte dos hábitos das suas gentes. No entanto, lá descobrimos que a mesma começa junto ao Albergue da Juventude, localizado à entrada de Alcoutim. Esta primeira fase é bastante interessante e muito rica em termos paisagísticos, principalmente porque temos à nossa direita a companhia do Rio Guadiana, que nos acompanha por grande parte do trajecto. Já neste primeiro dia conseguimos ter a perfeita ideia do que nos ia esperar ao longo dos próximos dias, já que as subidas e descidas são frequentes, embora perfeitamente ultrapassáveis. Ao longo do caminho atravessamos inúmeras aldeias tradicionais, muitas das quais deverão estar abandonadas no futuro, já que os seus ocupantes são essencialmente pessoas idosas, já que os mais novos há muito partiram. A paisagem campestre domina por completo os cerca de 40 km entre Alcoutim e Furnazinhas. Em Furnazinhas, esfomeados, temos a grata surpresa de saber que na aldeia (ou monte, como os algarvios referem) não há restaurantes e que no único café disponível não se vende sandes, apenas conservas e biscoitos…

2º dia: Furnazinhas a Barranco do velho (65.18km)

0 Rio Guadiana já é passado e começamos o dia tendo em vista a entrada na Serra do Caldeirão. Na primeira parte continuamos a passar por aldeias que vivem essencialmente da agricultura. Em Vaqueiros vimos uma das primeiras igrejas construídas no Algarve, enquanto em Cachopo tivemos a possibilidade de acompanhar tecedeiras a trabalhar o linho. Já em plena Serra do Caldeirão, a paisagem, evidentemente, muda. E com ela a dificuldade, já que as subidas são mais intensas. Se o Rio Guadiana ficou para atrás, agora o sobreiro é o nosso companheiro de viagem. 0 terreno, basicamente de terra, facilita as subidas, mas isso não significa que a tarefa seja fácil, já que são constantes as ascensões que temos de fazer, mesmo com algumas descidas e trajectos planos pelo meio. Evidentemente, o contacto humano diminui drasticamente. Nesta fase é importante não nos perdermos, caso contrário todo o nosso esforço poderá ter sido em vão. Nota para o frequente cruzar de ribeiras, algo que acaba por torna-se uma constante ao longo da travessia. Aquando da chegada a Barranco Velho, oportunidade para provar medronho, uma bebida tradicional da região.

3º dia: Barranco do Velho a Silves (78km)

0 dia mais longo e portanto o mais extenuante. Mas todo o esforço foi compensado aquando da chegada à Barragem do Funcho. É difícil descrever a beleza do local, principalmente depois de pedalarmos muitas horas para lá chegar. 0 silêncio, a paisagem, a paz que emana do lugar é algo realmente compensador, o que acaba por justificar todo o nosso sacrifício. Antes, passagem por Salir, o primeiro local (mais povoado da Via Algarviana. Subir ao seu castelo, ou melhor, restos dele, é obrigatório, principalmente na praça da igreja; nota também para Alte, uma das aldeias mais tradicionais do Algarve devido ao seu espaço ribeirinho, onde podemos tomar um banho refrescante para nos recompor do exigente dia. Nesta etapa já estamos mais perto do asfalto e das suas gentes, Oportunidade para vermos uma pessoa a lavar a sua roupa junto do rio, hábito que pensávamos abandonado. Referência ainda propriedades. Em Messines tivemos a pura sensação do Algarve construído sem nexo, mas também pudemos ver com agrado a sua igreja. Final do dia em Silves. No jantar, oportunidade para conversar com alguns dos membros do clube de BTT local, que descreveram parte da etapa do dia seguinte e das dificuldades que iríamos encontrar.

4º dia: Silves a Marmelete (43km)

A primeira parte é feita sob o signo das obras, já que percorremos a ribeira de Odelouca, num local onde, no futuro, será construída uma nova barragem. 0 dia, em termos de quilómetros, foi curto, mas tendo em conta o dia anterior e a Serra de Monchique não deixou de ser cansativo. Se ontem passámos pela Barragem de Funcho, hoje a paisagem também não deixa de impressionar. Dois locais merecem referência: Picota, onde, a 702 metros, podemos ver finalmente o mar, e os quilómetros seguintes a Foia. Embora a subir, o terreno, ora de terra ora com pedras, não proporciona muitas dificuldades, o que permite a paragem para deslumbrar uma paisagem campestre muito semelhante ao Açores. Na Serra de Monchique, principalmente poucos quilómetros depois de cruzarmos o convento do Desterro, somos obrigados a levar a bicicleta literalmente à mão, já que não há condições para ficar em cima do selim devido às dificuldades do percurso. Oportunidade para passar por carvalhais únicos do país, ao mesmo tempo que nos é proporcionada uma descida preenchida de adrenalina.

5º dia: Marmelete ao Cabo de Sº Vicente (77.8km)

Último dia, portanto qualquer cansaço acaba por ser passageiro. Os quilómetros nas pernas fazem com que contemos a distância que ainda falta percorrer, contas que nunca satisfazem o que nós pretendemos. O trajecto entre Marmelete e Bensafrim é realizado ainda sob forte envolvente agrícola, sendo acompanhado pelo rio. Esta etapa é ideal para os velocistas, que finalmente têm oportunidade de extravasarem as suas aptidões. No entanto, nada de grandes comemorações porque, apesar dos terrenos planos começarem a surgir com alguma frequência, principalmente entre Vila do Bispo e Cabo de São Vicente, a verdade é que as subidas surgem aqui e ali. Mas chegados aqui nada nos move do nosso objectivo, apenas uma eventual queda, que felizmente não aconteceu (tivemos um furo no pneu traseiro). Quando avistamos pela primeira vez o farol do Cabo de São Vicente, não deixamos de sentir uma enorme alegria, que é no entanto dissipada quando chegamos ao nosso destino final, já que vemos trailers a vender alimentação e uma infinidade de objectos fúteis aos turistas do local. Sim, já chegamos ao Algarve do litoral…

ONDE DORMIR?

Essencial uma boa noite de descanso!


A Via Algarviana tem como objectivo fomentar o turis­mo do Algarve interior. Por isso, nesta primeira fase, a de implementação do pro­jecto, é normal encontrar­mos algumas dificuldades em termos de infra-estruturas em alguns locais, principalmente ao nível de estada (também as tivemos ao nível da sina­lização, mas a Almargem garantiu que isso ficaria resolvido no final de Maio, início de Junho). A simpatia dos proprietários nunca esteve em causa e estes sempre deixaram claro que a situação era provisória, embora reconhecendo não querer investir em algo sem ter a certeza do retorno económico da Via Algarviana. Algo compre­ensível, mas que ao mes­mo tempo pode afugentar futuros interessados… No entanto, há também o outro lado da moeda, já que, nas restantes quatro noites, dormimos em locais perfeitamente preparados para acolher os viajantes nesta travessia. No primeiro dia ficámos no Hotel Guerreiros do Rio, um local ideal para come­çar a travessia, muito de­vido à sua paz envolvente ([Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] com), o que nos prepara mentalmente para o que vamos ter pela frente; no segundo dia a escolha recaiu na Casa do Lavrador (casadolavrador@sapo.pt), em Furnazinhas, um local que está a construir uma espécie de albergue para os caminhantes/betetistas, ao mesmo tempo que dispõe de quartos individuais para quem preferir mais privacidade; no terceiro dia ficámos na Pensão A Tia Bia, em Barranco o Velho, um lugar onde a gastronomia serrana dita leis e memó­rias; por último, em Silves, pernoitámos no Hotel Colina dos Mouros, um três estreias perfeitamente preparado para responder a qualquer exigência, ainda mais devido à sua paisagem, em frente ao castelo e igreja da cida­de. Portanto, antes de partir, é essencial planear a viagem ao pormenor, principalmente onde pre­tende dormir. Por exemplo, em Furnazinhas, não há restaurantes. Ou seja, para jantar, é preciso combinar algo com os proprietários da Casa do Lavrador…

QUE LEVAR?

Prepara-te para a aventura

A Via Algarviana foi concebida para fornecer estada aos seus utilizadores, o que acarreta uma bagagem mais leve, já que não tens de carregar o saco-cama e eventualmente a tenda de campismo. Esse dado é importante, já que é eviden­te que o sucesso de uma caminhada ou travessia de BTT depende da forma física do praticante, mas também daquilo que transportas contigo, pois o peso vai du­plicando a cada hora que passa. Por isso, é essencial levar apenas o essencial, dei­xando objectos supérfluos em casa. Aqui não há literalmente lugar para o «posso às vezes precisai. Outro factor fundamental a ter em aten­ção é o calçado e a roupa que levamos, pois o clima e o piso influenciam decisi­vamente na escolha do material a levar. O essencial numa caminhada é ter um bom calçado (nunca deve ser a estrear), que deve ser leve e possuir apoio de tornozelo (não te esqueças dos chinelos para usar ao fim do dia), além de roupa apropriada, que deve estar de acordo

com o clima. Nunca te esqueças de levar um casaco impermeável corta-vento, que as surpresas acontecem (aqui o melhor é investir algum dinheiro e comprar algum com melhor qualidade, mais leve e transpirável).

De resto, protector solar, baton para o cieiro, protecção para a cabeça, óculos, barras de cereais e uma garrafa para transportar água, que deve SEMPRE estar cheia.

Outros conselhos:

• Equilibra o peso nas costas para evi­tar problemas de coluna

• Repelente contra mosquitos

• Saco plástico para o lixo

• Vai preferencialmente de calças com­pridas, mas evita as calças de ganfa. Shorts facilitam o ataque de mosquitos e aumentam a possibilidade de atrito com a vegetação

• Máquina fotográfica

• Evita comprar uma grande mochila, pois terás tendência para a encher.
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